Teve uma hora
em que a rosa cansou de ser rosa e cansou de ser planta.
Aí ela se arrancou do chão; caiu; se levantou
e saiu correndo pelo jardim.
A rosa pulou o portão e atravessou a rua em direção a um matagal cheio de picões.
Esses caras não iam muito com a cara dela, mas acharam mó atitude aquela rosa estar andando.
No fundo, eles também já tinham sido dentes-de-leão.
A rosa começou a inflamar os picões para ir embora dali,
ela queria virar chá na panela de alguém e matar quem a bebesse.
Mas os picões se recusaram a ir com ela.
A rosa se revoltou e arrancou seu botão quase em flor
e assim desistiu de presentear os amantes.
Levantou sobre suas raízes e foi embora pra cidade,
pra crescer e virar erva-daninha.